A Fundação Hospitalar começou neste mês o processo de
co-gestão com a Secretaria Estadual de Saúde e deve passar por
uma avaliação ao final de 60 dias. Este é o início dos trabalhos
da Fundação como parte do governo Wellington Dias (PT). A
criação do novo órgão e a posse do deputado licenciado Pablo
Santos (PMDB) geraram diversas críticas entre os governistas
e oposicionistas. Em entrevista concedida ao Jornal O DIA, o
novo gestor admitiu o receio em deixar seu mandato na Assembleia Legislativa e defendeu a permanência da aliança do PMDB
e PT para as próximas eleições, já que, segundo Pablo Santos, o
partido não tem condições de lançar candidatura própria para o
governo. Entretanto, ele criticou a postura do governador com
relação à base peemedebista no interior do Estado: “Tem que
ter um chamamento do governador. Isso não depende só de
mim, também depende das ações do governador como governador”, ressaltou.
"Para uma candidatura própria agora teria que ter se plantado uma semente nas eleições municipais, e infelizmente o partido não se atentou para isso" (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
O senhor é médico e assumiu a Fundação Hospitalar,
uma estrutura nova dentro
da máquina administrativa
do Governo, recentemente.
Nesse período, o que já foi
possível ser feito?
Nesse primeiro momento
a gente trabalhou principalmente a questão da criação da
Fundação Hospitalar referente
à parte administrativa, correndo atrás das instalações para
fazer a Fundação realmente
sair do papel, mas o imbróglio
administrativo é muito grande. E como foi frisado, toda a
estrutura nova que está sendo
criada dentro do governo é
algo muito complexo porque a
gente já pega as coisas andando e a gente tem, também, que
formar uma equipe o mais rápido possível para fazer a coisa
acontecer . Nos 60 dias daqui
para frente vai existir uma cogestão entre a Fundação Hospital junto com a Secretária
de Saúde do Estado, onde há
a responsabilidade da Sesapi
pelos hospitais. Então vai existir essa divisão de responsabilidades, durante esse período
de transição e, posteriormente, a gente vai ter uma avaliação de 120 dias da Secretária
com relação aos serviços ofertados pela Fundação. Vamos
ficar com a responsabilidade
de seis hospitais, tendo que
cumprir metas em 120 dias
para que haja a avaliação. As
metas estão relacionadas às cirurgias, produção, atendimento nos ambulatórios e exames.
Ainda é grande o número de
pacientes que são transferidos para a Capital por falta
de estrutura nos hospitais
do interior, sobretudo os
casos de média e alta complexidade. O que pretende
fazer para resolver esse problema?
Temos que aumentar a demanda no interior com relação
à descentralização dos hospitais regionais. Então, quanto
mais a gente ofertar serviços
no interior do Estado, nos
maiores hospitais regionais, e
no meu caso serão os hospitais de São Raimundo Nonato,
Picos e Piripiri, vamos tentar
ofertar o maior número de
serviços em cada um deles. O
governador Wellington Dias
vai inaugurar, até outubro, a
UTI no hospital regional de
Picos, eu acredito. A gente
fazendo a descentralização e
ofertando o maior número
de serviços nos hospitais do
interior, consequentemente
a gente acaba desafogando o
número de transferências para
a Capital.
Quando da sua ida para a
Fundação, houve questionamentos sobre a legalidade do
seu licenciamento legislativo. O senhor mesmo teve receio em deixar a Assembleia
para assumir a Fundação por
medo de perder o mandato.
Esse receio acabou?
Quando foi criada a Fundação Hospitalar existia, realmente, vários questionamentos quanto a minha ida como
deputado estadual. Lógico
que, quando a gente consegue
um mandato como deputado
estadual, a gente fica preocupada em não poder concluí
-lo, mas a gente se precaveu e
buscou várias alternativas para
que a gente pudesse dá uma
segurança jurídica na minha
ida para a Fundação. Então,
hoje, eu não vejo nenhum problema com a minha permanecia porque estou amparado
pela lei estadual, amparado
pela Assembleia. A gente respeita a decisão da justiça, mas
a legislação estadual diz que
um deputado pode assumir
uma fundação. No estatuto
da Fundação diz que o presidente tem status de secretá-
rio e a Fundação teria status
de secretaria. Esse foi o primeiro respaldo jurídico. O
segundo foi justamente com
relação à legislação que citei
anteriormente.
Como o senhor vê essa declaração do Romero Jucá
em querer vetar a aliança do
PMDB com o PT e PCdoB?
O senador Romero Jucá
pode vetar a aliança entre o
PMDB e o PT, mas ele não
pode vetar o deputado Pablo
Santos, o deputado Themistocles Sampaio, o deputado João
Madison, o deputado Mauro
Tapety e o deputado Severo,
caso haja uma intervenção, de
tomarem outro rumo político,
irem para outra sigla partidária. Agora a gente não pode
deixar é uma decisão a nível
estadual pensando na intervenção federal. Então, isso aí,
eu acho, que seria até um pouco de indelicadeza da executiva nacional em querer impor
essa situação. Até porque boa
parte dos membros do partido são membros históricos, que já
têm 28 a 30 anos. O ministro
João Henrique tem todo direito do mundo de pleitear a sua
candidatura de governador,
assim como eu, como qualquer outro membro do partido. Agora, a gente tem que
respeitar a vontade da maioria.
Se ela quer que o PMDB fique
com o governador Wellington
Dias, tudo bem. Se existir o
entendimento de toda base do
partido de não apoiar o governador, aí seria outra questão.
Mas, querer proibir os colegas
de partido de fazer aliança eu,
sinceramente, sou de acordo
que se sentem todos os membros do partido e tome uma
decisão de forma conjunta. Se
existir essa intervenção, a gente senta e resolve da melhor
forma.
Há lideranças do PMDB
que defendem a candidatura
própria do partido, como o
ex-ministro João Henrique
Sousa. O partido irá para o
embate interno para definir
o caminho em convenção
extraordinária proposta
por ele, ou o senhor acredita que conseguirão reverter
o impasse antes disso?
Eu acho que não tem um
entendimento. O ministro
João Henrique tem o posicionamento dele, que a
gente respeita e ele não seria capaz, caso a maioria resolver apoiar o governador
Wellington Dias. Vi uma entrevista recente do Romero
Jucá onde ele fala que está
pensando em uma eleição
presidencial para 2022. Porque não pensar em 2018? Ele
quer interferir nos diretórios
estaduais nas eleições de
2018 e poder pensar em uma
candidatura presidencial só
em 2022. Acho que está tendo um pouco de incoerência
nas colocações nesse sentido.
Se ele quisesse que o partido
tivesse um candidato próprio
para presidência, ele tem que
pensar em 2018. Assim como
ele está querendo cobrar esse
posicionamento do partido
a nível estadual. Para uma
candidatura própria agora
teria que ter se plantado uma
semente nas eleições municipais, e infelizmente o partido
não se atentou para isso. Apenas os deputados estaduais
percorreram deus municípios
sem também levar um possí-
vel nome.
Leia a entrevista completa na edição de hoje (12) do Jornal O Dia.
Por: Ithyara Borges